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domingo, 24 de março de 2013

Sobre o espetáculo "Homem ao Vento"

(Imagem: Divulgação)

O Grupo de Teatro "Tanahora" atua desde 1980 em Curitiba. Primeiro com a direção de Lineu Portela e a partir de 1988 sob o comando de Laercio Ruffa. Ao longo destes anos, vem desenvolvendo atividades diversas, promovendo o Teatro junto aos acadêmicos da PUC (entidade mantenedora), à comunidade e junto à classe artística. Teve a oportunidade de se apresentar em outras cidades, participar de festivais, receber prêmios, etc e tal. Abrigou atores em início de carreira e com grande potencial, lançou talentos, estimulou o fazer teatral de diversas formas e vem mostrando seu trabalho ano a ano nas últimas décadas, formando platéia e deixando sua marca.

Atualmente o Grupo conta com equipe de criadores, preparadores, espaço e elenco (profissional e amador) com possibilidades diversas de realização. Ao mesmo tempo, é preciso administrar a tarefa de conciliar a sua atuação junto a uma instituição educacional e religiosa. O Teatro (sob a batuta de Dionísio, deus grego do vinho e da insânia) em ambiente apolíneo (racional e casto). Nietzsche e outros autores já refletiram e escreveram muito bem sobre isso e as possíveis consequências e resultados. Tive a oportunidade de conferir produções do "Tanahora" e tinha como referência peças corretas, com resultados razoáveis, registros de acordo com esperado no meio em que se insere.

Fui ao TUCA (Teatro da PUC PR) neste final de semana com a expectativa de ver um esperado trabalho adequado, mas a apresentação me surpreendeu (para melhor). Evitarei descrever cenas e momentos do espetáculo para reservar a surpresa da encenação para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de conferi-la. Mas desde o seu início percebi claramente o interesse da cia. em buscar novas possibilidades e de se aventurar por caminhos que antes poderiam parecer tortuosos de serem trilhados.
Primeiro acerto foi a escolha de Marcos Damaceno para assinar o texto da peça, a partir de obra de Antoine de Saint-Exupèry. Pelas palavras de Ruffa em material de divulgação, "Para o Tanahora é sempre um privilégio poder trabalhar com profissionais do teatro curitibano que nos apontam um caminho desafiador a percorrer". E acredito que tenha sido realmente desafiador e desafio aceito resultou num trabalho que (pelo menos dos registros que tenho) traz novos ares às encenações do Grupo.
Observação: assim que entramos no espaço cênico e as luzes se apagaram, parte do público demonstrou incômodo rindo e se  dispersando, cabendo à produção interromper a situação e solicitar silêncio para que a apresentação pudesse iniciar. Na sequência, pude conferir os melhores minutos iniciais de espetáculo dos últimos tempos!
Outros acertos foram a escolha da ambientação cênica, equipe de criadores trabalhando em sintonia (iluminação, trilha e figurinos) e ótima preparação de corpo e voz. Além disso, o elenco realizou com eficiência a partitura proposta do espetáculo. O Grupo trilhou novo caminho, num processo amadurecedor e realizou um trabalho digno de elogios. Parabéns ao "Tanahora" por se aventurar em novas possibilidades e por se renovar nesta altura de sua trajetória. E que venham novas propostas cada vez mais desafiadoras e inovadoras. Os deuses do teatro e o público agradecem!

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